Sheila Kolberg

Sonho um poema que ao lê-lo, nem sentirias que ele já estivesse escrito, mas que fosse brotando, no mesmo instante, de teu próprio coração.

Mário Quintana

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Seres adaptáveis



Somos seres adaptáveis...
Nossa! E como somos.
Se acontece algo que nos tira do sério, reclamamos, esbravejamos, ficamos furiosos, estressados, irritados. Fazemos até um fiasquinho, protestamos um pouco, xingamos meio mundo e culpamos a outra metade.
Se é algo que nos faz sofrer, choramos, nos entristecemos, nos decepcionamos, juramos nunca mais mil vezes, prometemos que vai ser diferente...
Nada muda! E nós vamos digerindo tudo em conta gotas, devagarinho, parcelado em 48x. 
Nos adaptamos a  viver em -10º ou 40º graus. Debaixo de tempestades, ciclones, seca, enchente ou furacão.
Nos adaptamos a viver em meio ao caos, a violência e num trânsito enlouquecedor.
Nos adaptamos  a viver com políticos corruptos, desonestos e mentirosos.
Nos adaptamos a inflação, a preços abusivos e a perda de qualidade.
Nos adaptamos aos quilos a mais que ganhamos sem pedir, a viver na solidão ou naquela relação que já está pra lá de desgastada.
Nos adaptamos a estarmos disponíveis 24h para os outros e indisponíveis para nós.
Nos adaptamos a esse turbilhão de informações que nos ocupam a mente mas não tocam o coração.
Amamos liberdade, mas nos adaptamos a viver enclausurados.
Amamos ar livre e natureza,  mas nos adaptamos a viver em meio a poluição e cercados de prédios que quase tocam o céu.
Falamos em qualidade de vida e nos adaptamos a trabalhar muito mais que gostaríamos, não ter tempo para nada e correr contra o tempo o tempo todo. A repetição da palavra tempo foi proposital, afinal como podemos abrir mão de algo que é tão precioso?! Só sendo muito loucos e adaptáveis mesmo.
Para tudo vamos dando um jeitinho, bem brasileiro é claro. Fechamos os olhos e tapamos nossos ouvidos. Ficamos "flexíveis" e de tão maleáveis vamos nos moldando a cada nova situação que se apresenta.
Tenho medo só de imaginar como isso vai terminar para NÓS seres totalmente adaptáveis.

Sheila Kolberg
  


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