Sheila Kolberg

Sonho um poema que ao lê-lo, nem sentirias que ele já estivesse escrito, mas que fosse brotando, no mesmo instante, de teu próprio coração.

Mário Quintana

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Saudade urgente

De repente bate uma saudade
Daquelas que aperta o peito e dói o estômago.
Saudade doida
Urgente
De sentir o abraço apertado
Do beijo que te deixa sem ar
Perceber o brilho nos olhos
E a alegria quase infantil do sorriso.
Saudade
De caminhar sem destino
De jogar conversa fora
Da sensação de não saber por onde começar,
Por ter tanta coisa a dizer.
E saber que mesmo assim...

Alguém vai entender você.

Sheila Kolberg

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Você envelhece


Você envelhece
Quando recusa amor, mesmo desejando amar.
Quando mostra frieza, mesmo querendo sorrir.
Quando  não diz o que sente, ainda que a vontade sufoque.

Você envelhece
Quando desiste de um sonho antes mesmo de tentar.  
Quando engana  seu coração  e deixa prevalecer a razão.
Quando mente pra você  e acredita que é verdade.   
Quando aceita o mais fácil e joga fora o que te faz vibrar.

Você envelhece
Quando  escolhe caminhar sozinho.
Quando não divide suas angústias.
Quando não compartilha seus medos.
Quando insiste em ir embora...
Mesmo que no fundo, a vontade seja de ficar.

Sheila Kolberg

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Sinal fechado


De repente 
Juntos
Na mesma estrada.
Se encontram...
Cruzam olhares,
Dividem o mesmo tempo,
Quase o mesmo espaço.
Mas o sinal permanece fechado para ambos.
E mesmo que o sinal abrisse,
Por um instante que fosse...
Tudo permaneceria igual.
A estrada é a mesma,
Porém com caminhos opostos.
E não existe vontade de mudar o percurso...
Alterar o destino.
Talvez no fundo o desejo exista...
Ainda que neste instante, permaneça  ausente.
Escolhemos seguir em frente,
Conscientes da impossibilidade do encontro.
Melhor seguir na direção conhecida,
Sem muitos obstáculos.
Ao menos sabemos ao certo,
Onde iremos chegar.

Sheila Kolberg

Um dia passa


Nada é definitivo!
Tudo passa.
O inverno  com toda sua frieza.
O verão mesmo intenso e quente.
A primavera  com sua deslumbrante e perfumada beleza...
Nem mesmo o romântico outono permanece.
Passam as sensações e as emoções.
Passa a alegria por maior que ela seja,
Passa até a resistente tristeza .
Passa a euforia, o medo, a insegurança, o ciúme.
A saudade ainda que persista bravamente, uma hora passa.
Passam...
As  nuvens, a chuva e as lágrimas.   
O sol  se despede da lua, e a lua em seguida se vai.
Os sonhos passam...
O vento mesmo que arrase com tudo, de repente também passa.
A Paixão  e a ilusão...
A indiferença  ou  a afeição.
A  mágoa machuca e passa.
A dor mesmo sem remédio, de qualquer jeito passa.
Passam as horas, mesmo parecendo infinitas.
Passam os dias, os meses, os anos.
Passa uma vida...
Passa um amor.

Sheila Kolberg

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Felicidade



Ela deve estar aqui...
Em algum lugar de difícil acesso
Escondida debaixo de pequenas tristezas
Ou  atrás de  uma  inusitada decepção.

Talvez ela esteja revirada em alguma gaveta,
Perdida em meio a sentimentos confusos
Ou  trancada em algum baú,
Abarrotado  de lembranças.

Ela não deve ter ido embora...
Ainda não se despediu.
Com certeza está por aí...
Talvez de olhos bem fechados
E ouvidos levemente tapados.

Não adianta chamar.
Ela não quer mais  me escutar,
Muito menos me ver passar.
Quer apenas deixar o tempo correr...
Permitindo-se  viver,
Breve instante de melancolia.
Mais tarde, quem sabe
Eu possa reencontrá-la outra vez...
Disfarçada de sorriso,
Iluminando minha face.

Sheila Kolberg


sábado, 17 de agosto de 2013

Perversa ou inocente?



Nós mulheres somos assim...
Apesar de sabermos que não é a melhor opção,
Sempre ouvimos o coração ao  invés da razão.
E ainda que nos machuque...
São eles os incontroláveis sentimentos
Que norteiam nossas decisões. 
A  astuta razão até que tenta nos dar uma direção...
Mas teimosas que somos,
Insistimos em confiar na  perversa...
Ou seria inocente?
Intuição.
Perversa porque consegue nos deixar cegas diante do óbvio,
E ao mesmo tempo, nos faz enxergar coisas que não existem.
Inocente...
Porque nos faz acreditar, confiar, se entregar.
Compreender o que parecia incompreensível,
Relevar  o que deveria ser imperdoável.
Procurar explicações e nos consolar com meras justificativas.
Intuitivamente confiar no olhar, 
Que juramos... só nos falar de amor.
Acreditar na química...
No toque mágico das mãos...
No beijo que nos tira do eixo...
Nas batidas aceleradas do coração.
Um ser perfeito, imaculado e inventado por nós... 
Mas que na verdade é apenas, 
Uma infundada ilusão!

Sheila Kolberg



segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Despedida do sol


E  quando chega o entardecer
Seguidamente sinto-me triste...
Não pela noite que em seguida vem
Pois amo-a também...
Mas por  perder  o espetáculo magnífico do sol,
Que nos proporciona todo final de tarde,
Uma despedida nunca igual.
Meus olhos aflitos...
Anseiam por uma pequena brecha, 
Que não esteja tomada por prédios  gigantes e imponentes.
Mas infelizmente...
As cortinas se fecham antecipadamente,
Me impedindo de ver tamanho espetáculo.
De vez em quando...
Reflete no retrovisor do carro uma pincelada alaranjada.
Mais  uma arte desenhada no céu pelo astro rei.
Ele humildemente vai embora sem receber aplausos...
Eu fico aqui...
Perdida em meus pensamentos e desejos,
De um dia viver em um lugar que me permita
Assistir o espetáculo até o final.

Sheila Kolberg

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Tempo roubado


Queria de volta o tempo que  roubaram de mim...
Quando eu podia acordar sem pressa,
Espreguiçar tranquilamente,
Pois sabia que tinha um dia inteirinho só meu.
Tempo que era de verdade meu...
Tão meu que as vezes nem sabia ao certo 
o que fazer com ele.
Só queria de volta o tempo...
Que podia admirar um entardecer bem devagarinho...
Ficar horas brincando de desenhar com as nuvens 
E correr para mim, era só sinônimo de diversão.
Não me preocupava se o dia estava acabando...
Afinal o próximo só começava,
Quando o sol batia na minha janela dando bom dia.
Naquela época a palavra compromisso não fazia parte do meu vocabulário...
E eu era tão feliz assim!

Sheila Kolberg


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