Sheila Kolberg

Sonho um poema que ao lê-lo, nem sentirias que ele já estivesse escrito, mas que fosse brotando, no mesmo instante, de teu próprio coração.

Mário Quintana

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Através da janela



Através da janela ...
Foram tantas manhãs, que através da janela eu vi...
Pessoas correndo tanto, sem saber ao certo para onde estavam indo.
Me questionei inúmeras vezes se realmente estavam na direção que seu coração queria.
Vi  seres tão simples,  cobertos com pedaços de panos preto e branco e sem griffe, mas com a alma tão esplêndida...
Que aos meus olhos eram muito mais belos que alguns esqueletos, que se enfeitavam de belas etiquetas,
Mas que não emitiam colorido nenhum.
Através da janela eu vi ...
Universitários  que não aprenderam na faculdade de casa,  a ceder lugar no ônibus para crianças e idosos.
Me surpreendi ainda mais quando, apesar de estudarem p/ abrir sua “visão” diante do mundo...
Se faziam de  cegos e surdos para continuarem confortavelmente sentados em suas poltronas.
Vi seres  tão falantes que diziam coisa nenhuma e outros tão quietos, mas que tagarelavam o tempo todo com seus olhos inquietantes.
Ah! Como eu vi pessoas tristes e outras tão felizes sem motivo algum.
Mas eu mesma, na minha solidão, hora me sentia alegre com o que via, hora também me entristecia por não ver o que gostaria.
Como vi passar seres invisíveis,  aqueles que não fazem a mínima questão de serem percebidos.
Em compensação, também vi outros que quase se multiplicavam diante dos meus olhos...
Estes jamais passariam despercebidos, mesmo que quisessem.  
Através da janela eu vi...
Horas que pareciam minutos e segundos que se transformavam em horas diante de mim.
Engraçado como o tempo muda conforme a importância que damos p/ ele.
E ainda vi que é possível estar quase sozinho, mesmo rodeado de pessoas por todos os lados...
Viajar  numa aventura louca,  onde é possível se tornar íntimo de alguém sem nome nem endereço em  uma fração de segundos.
De tudo que vi o que mais me entristecia, era olhar embaixo daqueles viadutos, pontes e  Arroio Dilúvio
E ver seres humanos vivendo ali, de uma forma quase “natural” e virando paisagem p/ todos que passavam.
Cheguei  a questionar se alguém perceberia a diferença de um corpo sonhando ou morrendo.

Sheila Kolberg

  

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