O cenário era perfeito para construir um castelo. Havia um céu muito azul e o mar me convidava a ficar ali. Não resisti, sentei na areia e entusiasmada comecei a construir meu castelo. Esqueci que existia um mundo ao meu redor.
Dediquei-me plenamente a fazer o mais bonito castelo que poderia construir. Tentei protegê-lo com muros altos ao redor. Fiz ele imponente e forte. Coloquei janelas, pensando que através delas poderia ter o controle de tudo.
Não é fácil construir um castelo...
É preciso persistência e muita vontade. A areia é fina, frágil e desaba até com o sopro do vento. Mas meu desejo era mais forte e por isso não me permiti desistir.
Ao terminar meu castelo, senti orgulho e confiei que ele ficaria assim para sempre. O sol ao entardecer refletiu seus raios iluminando-o e deixando-o ainda mais perfeito. Deixei ele ali por alguns instantes e fui buscar flores para deixá-lo ainda mais bonito.
Não pensei no vento que poderia ficar mais forte, não lembrei que o mar vez que outra tem ressaca e muito menos que existem pessoas insensíveis e indiferentes que passavam a todo instante.
Quando retornei todo cenário tinha mudado. Não sei exatamente quando aconteceu e não sei também quem o destruiu primeiro. Só sei que ele não estava mais como eu tinha deixado. Talvez o vento forte tenha fechado as janelas, a água do mar derrubado seus muros e pés desconhecidos tenham destruído o que eu tinha construído com tanto amor. Fiquei horas olhando o que havia restado dele e pensando se deveria ou não voltar a reconstruí-lo. Fechei meus olhos e lembrei da alegria que senti enquanto construí e como fui feliz enquanto ele estava ali.
Por esta razão, talvez eu sente na areia e construa tudo novamente...
Mesmo correndo o risco de vê-lo desmoronar outra vez.
Sheila Kolberg
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